Capitulo II: Parte 2

Parte 2- Um estranho no ninho
Por do sol, no terreno de uma casa abandonada, próximo do Jardim Botânico, alguém estranho acabava de acordar, com roupas rasgadas e o corpo todo deformado, como se estivesse sofrido queimaduras graves, com uma voz grossa, aterrorizadora, mas com um corpo franzino, acabava de abrir os olhos, resmungando:

-Onde estou? Que lugar é esse?

Ele vê logo na frente dele um grupo de crianças eram quatro, e um deles era Fábio, o mesmo que Eric deu as esmolas no 1º dia de faculdade, o outro era Jonathan que tinha 10 anos, Marcela tinha 12, Carlos era o mais velho, tinha 18, já a idade do Fábio era em torno de 15 anos, e ele fala:

-Puxa vida, faz dois dias que te encontramos e você está dormindo, deve ter passado maus bocados!

-Quem são vocês, onde estou?

-Você está entre amigos...

Carlos grita:

-Ele vai acabar com nosso esconderijo, e o Eduardo não vai gostar.

-Deixa de ser bundão, diz Fábio, ele está todo machucado e é magrinho.

-To com dor de cabeça, frio, e fome.

-Tem umas roupas jogadas ali, vamos colocar nele. Diz Marcela.

-Isso é responsabilidade de vocês, o problema não é meu. Ainda grita Carlos.

-Ele ta nervoso de volta, hehehehe...

-HEHEHEHEHE...

O estranho vê a chuva forte pelas janelas da mansão abandonada, ao longe vê o Jardim Botânico, sendo clareado pelos relâmpagos, assim como seus olhos, que estão vermelhos, como sangue.

-Quando e como vim parar aqui?

-O Fábio te trouxe.

O estranho encara Fábio que diz:

-Marcela, pega roupas mais quentes para ele.

Marcela subia as escadas correndo, cheio e buracos, Fábio continuou:

-Você estava jogado em um quintal, aqui perto, do lado de um valetão, gemendo de dor, então chamei a Marcela e o Carlos e te puxamos para cá, afinal você é como nós abandonado.

-Vocês estão abandonados?

-Eu fugi por que meu pai matou minha mãe e queria me matar também, me tranquei em meu quarto pulei a janela e fugi, faz um ano já.

-Eu não vou falar, tenho vergonha! Já descendo as escadas.

-Meu padastro me surrava se não levar dinheiro para ele,

-E você Senhor Estranho, qual é a sua? Carlos voltou e descia as escadas.

-Eu não lembro, não sei nem quem sou, de onde vim... Ele faz um silêncio quando um trovão faz tremer toda a estrutura da casa, ele termina:..., mas sinto que tenho que terminar algo que comecei.

Marcela joga as roupas para ele que as pega e vai para um cômodo da casa, sem chão, somente um buraco de terra, já meio alagado por causa da chuva, ele olha pela, estando de costas para a janela olhando além do reflexo de suas costas, a chuva, e o mato grande do terreno abandonado, atrás de suas costas nuas, uma enorme forma oval, mas seu formato era cheia de reentrâncias, como se fosse queimado, como se tivesse sido atingido por algo. Algo muito poderoso.

Ele passa as mãos em seu rosto observando o reflexo no vidro da janela, ela some quando um relâmpago clareia tudo, e quando some o brilho, e observar sua imagem, não a vê mais, mas somente um ser, com chifres e dentes pontiagudos, ela meche a mão com enormes garras, como se fosse sair e pegá-lo, quando outro relâmpago estoura a janela, ele dá dois passos para trás, muito assustado ele termina de vestir as roupas velhas e sujas, porém mais quentes, e já volta junto aos outros. Mas uma voz ecoa em sua cabeça: "mate eles, e volte a ser quem você é de verdade..." Mas ele não sabe quem é verdade, nem como foi parar ali. Já junto com os outros fica pensativo: "Quem sou, o que foi aquela coisa que vi na janela, e essa voz na minha cabeça?", ele fica de cabeça para baixo pensativo, quando Fábio começa a conversar com ele...



Ele chegou...

Na outra parte, onde estavam às crianças alguém bate na porta. Carlos abre, e após um trovão seguido de um relâmpago, alguém entra, com um capuz molhado, era Eduardo, com uns pacotes de mercado, e já diz:

-Vejam minhas crianças, trouxe lanchinho para vocês.

Eram bolachas, refrigerantes, doces para agradar aquelas crianças, somente Carlos não chegou alvoroçado no lanche, somente observa.

Eduardo se aproxima e pergunta:

-Então? Quanto deu hoje?

-Cin - Cinqüenta reais.

Eduardo já muda a cara alegre dele, e faz uma cara de ódio e empurra Carlos que retruca:

-É por causa da chuva, o movimento estava fraco!

-Grrr! E as crianças o que trouxeram?

-Eu! Eu! Falei para elas não saírem, a chuva está muito forte e...!

Mal terminou de falar e Carlos leva um, tapa na cara, ele somente o olha, com os olhos cheios de água, mas segura firme, e não deixa as lágrimas escorrerem por seu rosto, mas continua o encarando.

-O que foi moleque, quer mais.

-As crianças não, deixem-as em paz.

-Por sua culpa elas não pegaram esmolas hoje. Essa noite você nunca mais vai esquecer.

E tira a cinta da calça.

Então aparece o estranho, quando mais um relâmpago clareia toda a casa novamente, ele estava com cara de ódio, quando sua voz estrondosa sai:

-Como você tem coragem de machucar crianças indefesas?

Eduardo vira para ele e diz:

-Quem é você, e o que faz na minha casa?

-Não interessa quem sou eu, deixe essas crianças em paz!

O estranho além do corpo franzino, ele é mais baixo que Eduardo, que se aproveita dessa vantagem, pois além de forte ele tem 1,93 metros de altura, se aproxima do outro, do estranho o encarando nos olhos:

-Você é feio hein baixinho! Ta chapado com esses olhos vermelhos, não usou a minha droga que vendo aqui né?

-Você não tem nada com isso.

-Você tem uma voz bem grossa, mas continua sendo UM NANICO QUE VAI LEVAR UMA SURRA!

O estranho somente suspirava, seus olhos ficam mais vermelhos ainda, e o ódio que apareceu nele, era notado em sua respiração.

Eduardo saiu de perto dele e chamou Carlos:

-Cadê o cabo daquela enxada... Vou quebrar na cabeça nesse mane.

-Eu não sei, eu não sei. Para com isso cara, ele não fez nada.

-Ele invadiu nosso esconderijo, ele deve pagar.

O estranho olhou as crianças e as viu chorando, seu ódio aumentou. Eduardo grita:

-Mas que merda, eu deixo você no comando e acontece isso, sabe o que vou fazer, eu vou demitir você. Terá que voltar para as ruas, não cuidarei mais de você.

Eduardo vê uma cadeira e já a pega.

-Vou quebrar essa cadeira em você, seu nanico.

Com a cadeira já nas mãos, ele foi à direção do estranho para quebrar a cadeira no estranho, quando ele levantou para o alto e iria descer acertando a cabeça dele, de repentinadamente o estranho dá uma cabeçada no peito de Eduardo o fazendo cruzar toda a sala onde estavam, parando em uma parede a rachando, chegando a cair alguns pedaços.

Entre a poeira ele levanta assustado com aquilo, e sai correndo, e como tinha tirado a cinta, sai correndo com as calças meio caindo.

Carlos encara o estranho e já grita:

-O que você fez, ele vai voltar com mais bandidos e espancar a todos até cansarem, e depois vão no surrar mais ainda e...

Fábio chega perto dele e diz:

-Uau, cara, você foi fantástico, eu sempre quis fazer isso, mas sou muito pequeno ainda, mas...

E chegou atrás dele as outras duas crianças e o abraçam agradecidas.

-Não iremos mais apanhar!

-Oba.

Carlos o encara e resmunga:

-Na realidade eu também queria fazer isso.

O estranho finalmente mostra um pequeno sorriso de lado... Pois era uma sensação que ele nunca sentiu antes, uma sensação de alegria, felicidade, satisfação por saber que alguém gostava dele, estavam realmente agradecidos, não era falsidade, e nem iriam traí-lo. Emoções verdadeiras, o lado bom da humanidade, que infelizmente só as crianças têm.

Mas já some quando Eduardo e mais três capangas armados entram apontando as armas para ele, todos de pistolas, e Eduardo estava com uma shotgun.

O estranho observou uma sombra atrás nos ombros de Eduardo, observando mais reparou que ele falava no ouvido dele, e que parecia um homenzinho, porém seus olhos, boca e nariz, mais parecia as de um morcego.

O estranho fechou e abriu os olhos e não viu mais o pequeno ser, ele se indaga:

-O que era aquilo?

Ele já volta à atenção aos fatos quando Carlos grita:

-Eu avisei que ele voltaria.

-Pegue as crianças e as leve para cima.

Os quatro já correm passando do lado dos bandidos que só encaram o intruso do casarão, Eduardo grita:

-Você vai sumir daqui e da face desse mundo.

Então os três pistoleiros começam a atirar, o estranho corre, mas ele conseguia ver os projéteis vindo em sua direção, e passavam por cima dele e acertando a parede, ele ia se abaixando e fugindo, acertavam a parede, que furava, partia, caia pó e pedaços pequenos, por cima do estranho. Um dos projeteis, porém não vão para cima dele, e sim mais para sua frente, desviando das rotas dos outros projéteis, seguindo um sentido mais baixo, e o estranho quando notou esse projétil, só teve tempo de diminuir a velocidade que corria, mas a bala mesmo assim acabou raspando seu tórax.

Próximo de um sofá velho ele se joga no chão, as balas furam todo o sofá jogando espumas, no que cai no chão ele já levanta e se arruma para pegar embaixo do sofá, e no que pega já joga em seus inimigos, que estão um ao lado do outro, os da ponta correu para os lados, o do meio virou uma cambalhota no chão passando por baixo do sofá que cortava o ar rodando indo em direção de Eduardo que descarrega a doze, partindo o sofá ao meio, com os pedaços indo para o lado, e ele já recarregou a 12 rapidamente.

O bandido do meio, que escapou do sofá dando uma cambalhota, quando terminou e ficou de pé novamente, não viu o estranho já preparado para socar sua cara, numa ação tão rápida que ninguém viu o que aconteceu, ele só sentiu a direita, depois a esquerda, o soco acertando sua barriga e um gancho que destruiu seu queixo o partindo ao meio, rasgando sua pele e o fazendo voar até cair aos pés de Eduardo que faz cara de ódio...

O estranho estava no meio dos outros dois bandidos que já atiram nele, que agora ficou sem reação pela surpresa, só sentiu seu coração acelerar, a adrenalina fazer sua circulação sanguínea correr mais rápido, pelo corpo, sua respiração fica mais rápida, os projéteis chegavam cada vez mais perto, ele sentiu uma formigação nas costas, sentiu uma dormência, e de repente uma dor que o faz gritar:

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH!!!!!!!!!!!!!!

Quando os tiros iriam atingi-lo, um enorme par de asas surge e o envolve o protegendo dos tiros, que são amortecidos, os projetei ficaram nas asas, mas já são jogados foras e elas se curam sozinhos. Os dois bandidos ficam olhando assustados com aquela cena, o estranho ainda mais assustado, quando percebeu outro par de asas surgirem, maior que as primeiras, mas percebeu ter total domínio sobre as suas asas. Então as direcionou até os dois bandidos os enrolando nelas, deixando só as cabeças aparecendo. Ele os encara, com ódio, olhos vermelhos como sangue, quando eles sentem que estão sendo esmagados, um consegue resmungar:

-Você é Eric, o monstro assassino daquela festa.

Mal terminou de falar e as asas os apertam, e não deu nem tempo de gritar, só escutam o estalar dos ossos quebrando, e já sangram pelo nariz, ouvidos, boca, o estranho agora sabe seu nome, Eric, um monstro e assassino, mas ele gosta dessa cena, de sentir em suas asas o sangue escorrendo de seus inimigos, ainda quente. Ele dá um pequeno sorriso de lado. Ele puxa então próximo ao chão com suas asas, ainda enrolados nelas, e os lança para trás passando pelo Eduardo, quebram a parede e saem voando uns 10 quarteirões dali. De repente Clunk Bam!

-Arght! Seu... E Eric cai no chão.

-Não sei o que você é! Não terei medo de nenhum monstro assassino nem de nada.

Eric força o movimento de suas asas ficando de pé, dá um rugido monstruoso e encara Eduardo, que já atira novamente. Porém mal terminou de puxar o gatilho, Eric já estava ao seu lado e apertou o cano da shotgun quando saia a munição a fechando e a outra mão gruda no pescoço do Eduardo, com os dedos apertando o meio nas laterais, Eduardo só geme, e sente os dedos dele. Sendo quatro no lado esquerdo e o polegar no lado direito do pescoço, fura sua pele, rasgando sua pele ir entrando, de repente saem garras dos dedos dele arregaçando o pescoço dele, então ele também o joga, mas para o outro lado caindo dentro da estufa do Jardim Botânico, que era ali próximo. Os guardas municipais escutam o barulho e vão verificar o que houve, e vêem um corpo quase decapitado. Nesse momento, alguém liga para a policia, e diz que tem dois corpos de cadáveres, um no meio da rua, e outro em cima dos fios de luz... Ambos pareciam um saco de ossos quebrados!

Eric se recupera dos tiros de doze, suas asas enormes se recolhem, ele de bruços, vai se levantando com seu casaco e blusa rasgado nas costas pelas asas, e o tiro de doze, e notavam-se as saliências de onde surgem as asas, eram quatro e longitudinais pelas costas.

Carlos chega e pergunta:

- O que você fez? Cadê eles?

Ainda meio gemendo, Eric responde:

-Me bateram bastante e foram embora!

Carlos olha os buracos de tiro, os buracos por onde os corpos voaram e resmunga...

-É até imagino...!

Fábio grita:

-Temos um herói em casa, que legal.

Marcela complementa:

-Temos que comemorar, nós vamos pedir dinheiro para fazer uma festa.

Jonathan, o mais novo olha o chão com sangue, a mão de Eric com sangue e pergunta:

-Eles falaram que você é um monstro assassino, é verdade?

-Não vou mentir para vocês. Mas não vou dizer o que sou crianças, pois nem eu sei, ele disse que meu nome é Eric, e que sou um monstro assassino, eu acho que é verdade, eu sou um monstro...

Mal terminou de falar e ele correu e abraçou Eric, chorando...

-Marcela tem razão, você é nosso herói. Não liga para eles, você não é assassino.

Ninguém percebeu, mas Eric notou atrás outra sombra, porém de luz, e este ser percebeu que estava sendo visto, fez um largo sorriso para Eric, abriu um enorme par de asas que eram iguais as de anjo e sumiu. Eric volta a falar com as crianças:

- Vocês não podem viver nessa vida, voltem para suas casas, suas famílias...

Jonathan fala novamente:

- Nããããão, vocês são minha família, você Eric,... Chuif!!!

- Não posso, eu não recuperei a memória e tenho medo de recuperá-la e saber o que sou de verdade...

Carlos fala:

-Você tem razão, vou levar eles de volta.

Marcela grita:

-Eu não vou voltar!

-Nem eu. Diz Jonathan.

-Eu vou levá-la para parentes de vocês, não os pais mesmos.

-Por que eles não retornam?

-Eles disseram que apanhavam muito de seus pais, mas só que é mais do que isso, eles me falaram, eles fugiram de verdadeiros monstros.

-Entendo, leve-os para os parentes deles. Onde vocês moravam?

Todos falam seus endereços, o que lembram após a despedida Eric se vai, Carlos vai num telefone público e faz umas ligações. Era para os parentes das crianças e explicou toda a situação.

Uma ou duas horas depois os padrinhos e madrinhas das crianças aparecem, com comidas roupas quentes e confortáveis, limpas, todos felizes por reverem eles. Carlos ficou sozinho no casarão, olhava a janela, pensativo: “A mãe disse que meu pai é um, tal de Johnson e que mora na Vila Verde. Ela morreu de câncer e não disse por que, ele nunca apareceu, acho que vou descobrir afinal eu não tenho padrinhos.”

Carlos fecha os olhos, seu corpo vira uma luze rapidamente diminui, virou um ponto e sumiu.

Quem diria! Carlos é um hibrido, um dos poucos que ressurgiram.

No porão da casa, surge das escadas um ser com 20 cm de altura, com olhos, nariz, boca e ouvidos como de morcegos, ele andava pela sala que houve a luta e resmunga:

- Que luta incrível, e quem diria, ele está desmemoriado, hahhaha, Serpentino vai gostar de saber disso. Apesar de perder seis anos com as maldades desses moleques, manipulando essas crianças para servirem o mal, e serem perdidos nesse mundo nefasto, Tenho noticias boas, hehe.


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